Blog do Prisco
Manchete

Tradição e renovação

A polarização política em Santa Catarina, que durou décadas, sempre colocou como antagonistas o MDB e a Arena. Ainda num período em que as eleições não estavam restabelecidas, a rivalidade entre os dois grupos era ferrenha. Nos estados, o voto direto voltou a partir de 1982. Para a Presidência da República, o restabelecimento da democracia só ocorreu em 1989.

Durante mais de 30 anos, o MDB constituiu-se na maior e na principal sigla catarinense. Sempre elegendo o maior número de prefeitos. A legenda já administrou a máquina estadual por quatro mandatos. Três emedebistas foram eleitos para o cargo máximo de SC. Pedro Ivo Campos abriu a fila. Ganhou as eleições de 1986. Paulo Afonso Vieira venceu o pleito de 1994. Luiz Henrique da Silveira chegou lá em 2002 e foi reeleito em 2006.

Com um detalhe. LHS renunciou ao final do primeiro e do segundo mandatos. Na sua primeira gestão, ele deixou o cargo para disputar contra Esperidião Amin sem a caneta na mão. O ex-governador cumpriu a palavra. Ele havia feito um desafio ao hoje senador Esperidião Amin para que deixasse o comando estadual durante o pleito daquele ano. Amin permaneceu na proa catarinense durante a disputa eleitoral de 2002.

Em 2006, a saída de Luiz Henrique abriu caminho para o mandato-tampão de Eduardo Moreira, seu correligionário.

Tucanos

No segundo mandato, LHS trouxe o senador Leonel Pavan para ser seu vice. Com isso, outro emedebista, Neuto de Conto, assumiu no Senado por quatro anos.

Bônus

Pavan também ganhou um mandato-tampão. Luiz Henrique renunciou em 2010 para concorrer ao Senado. Conquistou a cadeira na Câmara Alta e ainda levou junto com ele Paulo Bauer, que tinha uma reeleição a federal ameaçada!

Fila anda

Quando LHS foi para o Senado, ele empurrou Raimundo Colombo, que era senador, para disputar o governo. Outro emedebista assumiu em Brasília no lugar de Colombo: Casildo Maldaner, que já havia sido senador eleito em 1994.

Força

Resgatamos essas histórias para ilustrar a força histórica do MDB no estado. O partido chegou a ter 120, até 130 dos 295 prefeitos. Hoje administra quase 100 prefeituras, em um período de baixa. A legenda começou a perder consistência com a partida de LHS e de Casildo Maldaner.

Caroneiro

Eduardo Moreira nunca teve votos. Paulo Afonso Vieira foi perdendo força ao longo do tempo. Sua derrocada iniciou com o episódio das letras, na parte final da administração dele à frente do estado. Elegeu-se depois deputado federal por uma única oportunidade e ficou nisso.

Rumo

O MDB perdeu a bússola. O maior responsável pela queda partidária foi Eduardo Moreira. Ele foi três vezes vice-governador, cumpriu dois mandatos-tampões como governador e presidiu a sigla por 10 anos.

História

Em 2018, registre-se, Mauro Marinani não conseguiu levar o MDB para o segundo turno da eleição estadual pela primeira vez na história. Houve a onda Bolsonaro, é bem verdade, mas a desorganização e a falta de lideranças novas potencializaram o desastre emedebistas naquele pleito.

Repeteco

Só que no ano passado, o resultado foi pior ainda. O MDB sequer lançou candidato a governador. Antídio Lunelli se apresentou, fez pré-campanha e disputou a convenção. Foi derrotado por Udo Döhler, que foi vice de Moisés da Silva. O ex-governador rejeitou o nome de Antídio Lunelli. O desfecho acabou sendo favorável ao jaraguaense.

Mandato

Se Lunelli tivesse sido companheiro de chapa de Moisés, hoje ele não estaria na Alesc, cadeira que conquistou como o terceiro mais votado de Santa Catarina em 2022. O MDB precisa achar um rumo, um norte, se reestruturar e se reoxigenar.

Renovação

Por isso, na Capital, o nome de Dário Berger merece restrições. Ele foi prefeito de Florianópolis pelo MDB e pelo PSDB. Nunca atendeu ninguém. Seu compromisso era com o grupinho político de São José, cidade que ele também administrou em duas oportunidades.

Cobalchini

Por essas e por outras, todo jogo vem sendo jogado para fortalecer o presidente da Câmara de Vereadores, João Cobalchini. Ele pode vir a ser, inclusive, uma opção para compor de vice de Topázio Neto (PSD) dentro da estratégia de dar um chega pra lá em Dário Berger.

Curral

Mesmo que o ex-senador volte ao MDB, sobraria para ele a eleição em São José. Topázio começa a abrir espaços no governo ao MDB e pode estar vislumbrando um entendimento com o União Brasil, de Gean Loureiro, ali adiante.

Todos juntos

Como o UB e Gean já estão fechados com Topázio, João Cobalchini de vice poderia não só ser uma cartada para impedir a volta de Dário à Capital pelo MDB como também para renovar um dos mais tradicionais partidos de Santa Catarina. O MDB foi o primeiro a conquistar a prefeitura da Capital no retorno das eleições diretas. Edison Andrino venceu a corrida eleitoral em 1985!

foto>Topázio Neto e João Cobalchini – PMF, arquivo, divulgação