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A importância da celeridade no processo de adoção

A apresentação do Coral Som da Vida, de Florianópolis, formado por crianças e adolescentes da Associação Evangélica Beneficente de Assistência Social (Aebas), abriu a tarde de atividades do seminário estadual que marca o lançamento da segunda etapa da campanha Adoção – Laços de Amor, realizada hoje (15), na Assembleia Legislativa.

O encontro contou com a presença de pais adotivos, que compartilharam suas histórias, e juízes que ressaltaram a importância de dar celeridade aos processos de adoção, em especial na fase tardia. Com base nessa iniciativa,  o juiz da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Recife, Élio Braz, falou sobre a prática utilizada, na capital pernambucana, para estimular e agilizar a adoção de crianças mais velhas. Com a mensagem “não se ama o que não se conhece”, o juiz defende que o maior estímulo à prática é o contato entre a família e a criança. “Dentro desta concepção, em Recife, buscamos favorecer o contato imediato de pessoas que desejam amar e ser amadas, ou seja, eu quero ser pai, eu quero um pai”, ressaltou.

O magistrado enfatizou a importância de trabalhar com uma equipe interprofissional habilitada em perceber que o tempo do desejo e afeto é completamente diferente do tempo processual. Ele explica uma das maneiras de dar celeridade ao processo é adequar o tempo processual ao tempo da criança e da família que deseja adotar. “Atuando dessa maneira estamos conseguindo dar celeridade aos processos, favorecendo a convivência inicial da criança com a família. Nossa experiência tem mostrado ser possível essa ação, que permite o processo correr mais rápido”, disse.

Marlizete Maldonado Vargas, autora do livro “Adoção tardia: da família sonhada à família possível”, disse no encontro que a campanha, entre outras ações, quer compartilhar casos reais de adoção como uma forma mais eficaz de mobilizar as pessoas que têm interesse. Respaldada em sua pesquisa durante a elaboração do livro, Marlizete ressalta a importância da mobilização social, não apenas das famílias interessadas em adotar, mas da sociedade em geral, uma vez que ainda há preconceito, especialmente em relação às crianças maiores e grupos de irmãos. “Durante a pesquisa pude observar que a sociedade ainda olha a adoção com outros olhos. Precisamos trabalhar esse olhar e mostrar que para a adoção não existe adjetivo, sendo que filho é filho indiferentemente da idade.”

Um novo sentido para a vida
Para o casal Marta Brancher Palhano e Patrick Palhano, de Porto Belo, no litoral catarinense, à tarde foi de emoção ao recordar o processo de adoção que possibilitou a constituição da família tão esperada. Com a chegada do casal de irmãos, Cecília e Pedro, há cerca de dois anos, a funcionária pública destacou que a vida ganhou um novo sentido. Ao afirmar que o amor comanda o coração e a atitude, Marta disse que bastou um único contato para saber que aqueles eram seus filhos. “Ver eles naquele instante foi ter a certeza de que já eram nossos, só estavam perdidos por aí. A cada dia, ao longo desses dois anos, só aumenta a nossa sensação de que eles sempre foram nossos. É impressionante acompanhar seus passos no dia a dia e ver o quanto eles têm em comum com a gente.”

Realizada como mãe e feliz com a família, Marta agradece todos os dias pelos filhos terem a escolhido como mãe. Dentista por profissão, Patrick diz também ter se revelado um grande pai. Ao considerar a adoção a chance de conseguir a família tão desejada, revela a felicidade de ter a casa cheia. “Tivemos o privilégio de ter dois filhos ao mesmo tempo, um casal. Atendendo todas as nossa expectativas tivemos de uma só vez tudo que um dia havíamos sonhado.”

O processo de adoção durou um ano. A celeridade se deu por não haver restrições na lista de espera, apenas uma observação, aquela que, segundo eles, fez toda a diferença: “aceitamos irmãos”. Hoje Cecilia e Pedro estão com seis e três anos, respectivamente. Quando foram adotados estavam com quatro anos e um ano e oito meses.

Foto>Fabio Queiroz, Ag. Alesc