Blog do Prisco
Coluna do dia

Bizarro, surreal

O articulista tem 43 anos de vida profissional. Nestas mais de quatro décadas, não se teve notícia de uma atitude tão bizarra, tão surreal, absolutamente inacreditável como a comunicação que Moisés da Silva fez a Antídio Lunelli, segunda-feira, informando o emedebista de que não desejava contar com ele na composição ao governo do Estado.
Tudo indica que, mesmo caminhando para quatro anos de mandato, o governador do Estado ainda não aprendeu a fazer política.
E fazer política, a boa política, nada tem a ver com se corromper. Já registramos por aqui, em várias oportunidades, que Moisés é um homem de bem.
Os recursos que estão sobrando na administração estadual guardam relação direta com a sua gestão. Só em contratos superfaturados e fraudulentos que foram revistos e ajustados, sobraram R$ 2,5 bilhões à viúva estadual.
Além disso, houve o boom arrecadatório, a suspensão do pagamento das dívidas estaduais à União; mais a dinheirama vinda de Brasília para o combate à pandemia, a majoração dos combustíveis, da energia elétrica e por aí vai. Tudo conspirou a favor dos governadores. Moisés soube aproveitar, sob o aspecto financeiro e administrativo, o momento.

Derrapada histórica
Muito bem. Reiterado o padrão ético do chefe do Executivo, não é possível imaginar que o cidadão seja tão inábil politicamente. São lances de arrogância e soberba. Como rejeitar um nome de um partido que ele tanto queria, o maior do estado, porque o líder em questão  fez críticas a ele durante a pré-campanha?

Fígado e cérebro
É do jogo, cara-pálida. Em 2006, Raimundo Colombo deitou e rolou na TV apontando as extintas SDR’s como cabides de emprego criados por Luiz Henrique da Silveira.
LHS, hábil, fazia política com o cérebro, não com o fígado e trouxe Colombo e o então PFL para o projeto. Conquistou a reeleição e o lageano virou senador naquele ano.

Indigesto
Em 2014, o próprio Raimundo Colombo teve que digerir a presença de Dário Berger na sua chapa reeleitoral. O governador de plantão naqueles dias não suportava o então emedebista Berger.

Boca do estômago
Registrou-se até dois problemas de saúde mais agudos em Raimundo Colombo durante a campanha, tamanha sua dificuldade para suportar o desafeto no projeto. Mas suportou. Resultado: Colombo reeleito e Berger tornou-se senador da República.

Vaidade de vaidades
 O que o governador está imaginando, que pode escolher o parceiro emedebista? O MDB, lembremos, é o maior partido do estado. Moisés da Silva filiou-se recentemente ao nanico Republicanos. Ou seja, Moisés deve estar delirando.

Sem conexão
Ah, mas os prefeitos e deputados devem continuar com o governador apesar da grosseria e da inabilidade dele em relação a Antídio. Só que a base do partido, que já estava contrariada, a esta altura não pode nem ouvir falar de aliança com Moisés.

Orgulho
A turma do Manda Brasa raiz quer candidato próprio. Eles têm orgulho da história e da força do seu partido. Antídio Lunelli já reassumiu a condição de pré-candidato e deve ganhar de lavada a convenção emedebista.

Fazendo contas
São mais de 500 votantes que vão definir o futuro do partido na convenção homologatória, antecipada para o próximo dia 23. O MDB tem menos de 100 prefeitos e o fato de ter prefeito em determinado município não gerará automaticamente o alinhamento do partido e do presidente local à hipotética composição com o governador.

Tudo de novo
O MDB novamente voltou à condição de um partido dividido, rachado. Sem contar que para o Senado, há quatro nomes postos. Provavelmente, vão bater chapa na convenção. E Moisés, vai ficar com quem? O PP, com o PSDB e o Cidadania? Os dois últimos são viáveis para o governador. Já Esperidião Amin não vai se curvar para os prefeitos, liderados por Joares Ponticelli, que estão contra ele internamente. E assim como Antídio Lunelli, Amin tem tudo para ganhar a convenção do PP.

Frigir dos ovos
Grosso modo, Moisés pode ter começado a jogar fora uma reeleição que começava a se tornar possível. Os votos de centro e direita tem tudo para serem pulverizados, ou seja, grande chance de a esquerda marcar presença no segundo turno. Realmente, ainda está para acontecer outra situação política tão absurda como essa.